No vigésimo aniversário da Teoria da Regulação, esta comunicação discute o valor heurístico da expressão fordismo. Foi em Paris, há exatos vinte anos, que essa idéia começou a adquirir uma aura conceitual. Até então, fordismo era uma noção usada apenas para descrever uma fase avançada da racionalização do trabalho industrial, ou, no máximo, para evocar uma etapa superior do taylorismo. Mesmo em Gramsci (1934) a ênfase estava mais no rendimento fabril do operário do que em seu modo de consumo.[1]
A tese de
Michel Aglietta, publicada em 1976, fez com que a idéia de fordismo se tornasse uma das fundações da Teoria da Regulação[2]
e contaminasse, em seguida, diversas vertentes da Economia Política [3].
Tem sido usada em tão larga escala nos debates sobre as tendências atuais do
capitalismo, que até pode parecer um capricho querer discutir seu significado.
Mas um exame do uso ambíguo que se faz dessa expressão pode ajudar a realçar
tanto as fragilidades quanto o potencial da abordagem regulacionista.
Em recente
coletânea sobre o assunto, o entendimento regulacionista do termo
'fordismo' é enaltecido por ser usado para sintetizar um 'macrosistema'
de 'acumulação intensiva' com 'regulação monopolista,' característico
das economias centrais nas décadas de 50 e 60. Segundo Ash Amin (quem editou e
introduziu essa coletânea), o forte da abordagem regulacionista não é o
emprego do termo fordismo em outros níveis de análise,
como, por exemplo: a) enquanto processo de trabalho característico da
produção de massa em linhas de montagem (paradigma industrial); b) como círculo
virtuoso de crescimento impulsionado pela transferência de parte dos ganhos de
produtividade aos salários (regime de acumulação); c) enquanto padrão
institucional da coesão sistêmica obtida nos 'gloriosos' 1948-1973 (modo
de regulação); e d) o tipo de sociabilização desses mesmos anos dourados
("mode of societalization," "Vergesellschaftungsmodi").[4]
Ou seja,
nessa perspectiva, o fordismo não é um conceito teórico, e sim uma maneira de
caracterizar o "modo de vida total" do último auge cíclico do capitalismo
(Harvey,1989:131). É na descrição analítica desse auge que são usados os
dois conceitos básicos (unânimes) dos regulacionistas: 'regime de acumulação'
e 'modo de regulação'.[5]
Dependendo do autor, essa dupla vem complementada por conceitos complementares
como 'paradigma industrial,' 'modo de sociabilização,' ou 'modo de
desenvolvimento'.[6]
Não deixa de ser estranha a escolha do termo fordismo
para simbolizar tanta coisa, por mais pioneira que possa ter sido a experiência
empresarial de Henry Ford. O nome de Keynes, por exemplo, é tanto ou mais
representativo do fenômeno que se procura realçar, como indica, aliás, a
seguinte reflexão de um dos principais expoentes atuais da teoria da regulação.
"Ford e Keynes haviam percebido que a aceleração
dos ganhos de produtividade provocada pela revolução taylorista levaria a uma
gigantesca crise de superprodução se não encontrasse contrapartida em uma
revolução paralela do lado da demanda. (...) Mas Ford e Keynes pregavam no
deserto. (...) Os temores de Ford, de Keynes... e dos sindicatos diante do
conservantismo liberal dos Hoover, Lloyd George ou Laval encontraram por isso,
na Grande Depressão dos anos 30, naquela gigantesca crise de superprodução,
uma trágica confirmação." (Lipietz,1989:30-31)
E também não há como comparar Ford ou Keynes a fenômenos
políticos como o "Welfare State" ou a Social-Democracia, quando se pretende
caracterizar a coesão sistêmica do capitalismo em seus anos mais dourados.
Foram estas as principais formas institucionais do compromisso que acabou
permitindo a redistribuição dos ganhos de produtividade aos assalariados. A nível
internacional, foram as instituições criadas nos acordos de Bretton Woods que
regularam a expansão dos anos 50 e 60. De resto, os mecanismos reguladores
conheceram graus diferentes de desenvolvimento, segundo os países, como
enfatiza o próprio Lipietz:
"Por
exemplo, depois da guerra e do período Roosevelt, os Estados Unidos sofreram um
nítido retrocesso, com a Guerra Fria e o macarthismo. Mesmo as reformas de
Kennedy e de Johnson (que foram depois o alvo de Reagan) não chegaram a
fornecer ao povo americano uma previdência social equivalente à da Europa do
norte. Quanto à França, só chegou à consumação do fordismo nos acordos de
Grenelle, em junho de 1968. Acordos que encerravam os "acontecimentos de
maio" - que podem ser vistos como o primeiro grande movimento de massa
antifordista!" (Lipietz,1989:34)
Não é evidente, portanto, porque os os
regulacionistas utilizam uma metáfora tão diminuta para se referir a algo tão
amplo como o "modo de vida total" da Idade de Ouro. Talvez alguma pista
possa ser encontrada numa volta à origem da teoria da regulação.
Em Aglietta
(1976:96), o fordismo é um novo estágio da regulação do capitalismo. Nesse
estágio, a classe capitalista procura gerir a reprodução da força de
trabalho assalariada por uma estreita articulação entre as relações de produção
e as relações mercantis pelas quais os assalariados compram seus meios de
consumo. O fordismo é, então, uma articulação
entre processo de produção e modo de consumo, constituindo a produção de
massa, que, por sua vez, é o conteúdo da universalização do assalariamento.
O fordismo é
o conjunto das condições sociais que caracterizam o regime de acumulação intensiva. (Aglietta,1976:132) Enquanto o
capitalismo transforma o processo de trabalho sem remodelar o modo de consumo, o
regime de acumulação é extensivo. O
novo estágio do capitalismo é atingido quando a acumulação não apenas
transforma o processo de trabalho, mas, sobretudo, transforma o processo de
reprodução da força de trabalho. (Aglietta,1976:60)
O critério
de periodização dos estágios históricos do capitalismo baseia-se no conteúdo
da mais-valia relativa. No primeiro estágio há transformação do processo
de trabalho sem mudança profunda das condições de existência dos
assalariados. No segundo, há rápida e concomitante mudança do processo de
trabalho e das condições de existência dos assalariados. (Aglietta,1976:18)
Ou seja, para
o fundador da Teoria da Regulação, enquanto predominava a mais-valia absoluta,
o regime de acumulação era extensivo. Quando essa acumulação passou a se dar
essencialmente pela redução do valor da força de trabalho - isto é, pela
redução do tempo de trabalho socialmente necessário - tanto a produção
quanto o consumo foram massificados e o regime tornou-se intensivo. É o
conjunto das condições sociais desse estágio da regulação do capitalismo
que ele inseriu no conceito de fordismo.
Diversas críticas a esse esquema analítico de
Aglietta foram publicadas nos últimos cinco anos [7].
Uma delas refere-se à real prevalência, nos
Estados Unidos, até a terceira década do século XX, de um regime de acumulação
extensivo. Segundo Page e Walker (1995:9), o fenômeno que os regulacionistas
entendem por acumulação intensiva é muito mais antigo do que a experiência
de Henry Ford. Data, segundo eles, da fase que se seguiu à Guerra Civil.[8]
Uma
segunda crítica refere-se diretamente à caracterização do regime de acumulação
posterior ao início do século XX (intensivo) por meio da parábola do "fordismo."
Trata-se, segundo Page e Walker, de uma visão muito inadequada do processo de
mudança técnica e organizacional na indústria. [9]
E
a principal investida realmente teórica de Page e Walker contra o
regulacionismo aparece na terceira crítica, quando opõem uma ênfase na
"mudança técnica" à ênfase regulacionista nas "instituições." [10]
Ou
seja, Page & Walker apontam diversas incongruências na utilização da história
dos Estados Unidos para construir os conceitos de regimes de acumulação
"extensivo" e "intensivo," destacando a precariedade da noção de
'fordismo' e enfatizando a inadequação dessa teoria para uma interpretação
do desenvolvimento econômico daquele país. Mas estas críticas não atingem o
cerne da abordagem regulacionista. Quando finalmente abordam os conceitos básicos
dos regulacionistas - "regime de acumulação" e "modo de regulação" -
não vão muito além de uma preferência pela "mudança técnica" em vez
das "instituições." E confirmam de duas maneiras um certo desdém pela
dimensão macroeconômica. Primeiro, ao afirmarem que a preocupação com a
compatibilização da produção e do consumo é apenas "neoclássica" ou
"keynesiana." Segundo, ao minimizarem a relevância dos "modos de regulação."
Estas duas características das críticas de Page & Walker estão ainda mais
claras nos textos de Walker (1995) e Sayer & Walker (1995). [11] E no capítulo 5 do livro
The New Social Economy (Sayer &
Walker,1992), entitulado "Beyond Fordism and Flexibility," a completa separação entre "a
produção" e "o resto" fica bem explícita. [12]
É
perfeitamente aceitável que se faça esse "corte" entre 'a produção'
e 'o resto' para aprofundar a análise. Mas não se pode tomar essas críticas
à noção de fordismo como se fossem uma crítica muito rigorosa à Teoria da
Regulação. Principalmente porque a noção de fordismo é menos importante que
os conceitos básicos. Particularmente o de "modo de regulação," que, afinal, não chega a interessar esses críticos.
Se a idéia
de 'fordismo' não é boa para caracterizar o regime de acumulação da fase
mais recente do capitalismo (intensiva), e, muito menos, os trinta anos de
gloriosa acumulação do capitalismo americano, torna-se necessário, então,
reexaminar a natureza do regime de acumulação que predominou na segunda metade
deste século, bem como do modo de regulação vigente na "idade de ouro."
Só assim será possível discutir (mais para frente) se as mudanças
ocorridas nos últimos 20-25 anos de marasmo econômico permitem identificar a
emergência de um novo modo de regulação (ou até, quem sabe, uma transição
a um novo regime de acumulação).
É comum
afrimar-se que a longa onda de prosperidade do pós-guerra foi seguida, a partir
dos anos 1970, por um período de 'crise.' Entre inúmeros exemplos, pode-se
considerar as análises de pós-marxistas que não usam a terminologia dos
regulacionistas, mas chegam a conclusões bem similares (ou convergentes). Por
exemplo, a abordagem norte-americana das 'estruturas sociais da acumulação'
("SSA approach"; Weisscopf ,1991) [13],
que foi, aliás, incluída na ampla revisão dos regulacionistas feita por
Jessop (1990).
O que
Weisscopf chama de "estrutura institucional do modo de produção
capitalista" é exatamente o que um regulacionista chamaria de "modo de
regulação." Para ele, a melhor maneira de caracterizar a estrutura
institucional da 'idade de ouro' é descrevê-la como "welfare
state capitalism."[14]
E as mudanças nesse sistema institucional - do "welfare state capitalism" -
teriam sido tão significativas que já seria possível afirmar que foi substituído
por outro, chamado por Weisscopf de "global market capitalism."[15]
Esse
contraste "welfare state/global market" para caracterizar o que o autor
considera a "estrutura institucional" do capitalismo talvez se revele tão
precária quanto a oposição "fordismo/pós-fordismo." Mas já traz uma
grande vantagem, simplesmente por deslocar a ênfase para o domínio da relação
'Estado / mercado,' em vez da relação 'indústria / mercado.' O mesmo
contraste também pode ser identificado no universo regulacionista.[16]
Apesar de sua diversidade, um dos principais aspectos constantes nas abordagens
regulacionistas destacados na revisão feita por Jessop (1990) foi justamente a
preocupação com as formas e mecanismos que asseguram a reprodução ampliada
do capital enquanto relação social. E, cinco anos depois dessa revisão, o
mesmo autor procurou apontar as relações entre a teoria da regulação e a
abordagem "governacionista,"
isto é, a confluência entre elaborações econômicas do 'novo institucionalismo' e elaborações políticas 'neo-corporatistas.'[17]
Mas a tendência
em determinar a natureza de um modo de regulação mais por sua dimensão política
do que por sua base industrial (como ocorre com a noção de 'fordismo'),
também pode ser encontrada em outras análises. Tanto é que Bruno Théret (1994) chega a rebatizar o modo de regulação
da 'idade de ouro,' integrando suas três principais dimensões [welfare
state - keynesianismo-democracia pluralista] no qualificativo "solidarista."
Sejam quais
forem as denominações, ênfases, ou destaques, uma coisa é certa: muitas
destas abordagens têm em comum a idéia básica de que o modo de regulação
dos trinta gloriosos anos de prosperidade do capitalismo ocidental entrou em
evidente processo de reciclagem a partir dos anos 1970. O que varia é a importância
relativa atribuída às dimensões mais econômicas (consumo de massa, paradigma
tecnológico) ou às dimensões mais políticas (democracia, 'welfare state').
Enfim, é
errado identificar a teoria da regulação com as idéias muito em voga sobre o
fordismo, sua crise e a chamada transição ao pós-fordismo. Jessop (1990) bem
observou que nem todo estudo do fordismo é regulacionista e nem toda abordagem
regulacionista se preocupa com o fordismo. As duas principais conclusões deste
ensaio vão um pouco mais longe: (a) é preciso abandonar a idéia de fordismo
para caracterizar o 'modo de vida total' da Idade de Ouro; (b) ainda está
por ser feita uma boa caracterização do regime de acumulação e dos modos de
regulação que prevaleceram na segunda metade do século 20 nas principais
economias centrais.
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[1]
"Le fameux 'haut salaire' (...) est l'instrument qui sert à sélectionner
une main-d'oeuvre adaptée au système de production et de travail, et à
la mantenir stable. Mais le haut salaire est un instrument à double
tranchant: il faut que le travailleur dépense 'rationellement' son
salaire plus élevé, afin de maintenir, de rénover et, si possible,
d'accroître son efficience musculaire et nerveuse, et non pour la détruire
ou l'amoindrir." (Gramsci,1934:700)
[2]
O artigo de C. Palloix sobre o fordismo/neofordismo também é de
1976, mas sua influência foi ínfima se comparada à do livro de Aglietta.
[3]
A expressão fordismo vem
sendo muito usada também por diversas tendências neoschumpeterianas,
institucionalistas e marxistas.
[4]
"The passing age, with his
heyday in the 1950s and 1960s, has been named 'Fordism,' a term coined
to reflect loosely the pioneering mass production methods and rules of
management applied by Henry Ford in his car factories in America during the
1920s and 1930s. Fordism is summarized as the age of 'intesive
accumulation' with 'monopolistic regulation' of the economy. Although
the term is applied at separate levels of analysis (industrial paradigm,
regime of accumulation, mode of regulation, mode of societalization), it is
its usage to synthesize a macrosystem which makes the regulaton approach
most interesting and distinctive from the two other theories of
transition." (Amin,1994b:9)
As outras duas teorias são: a neoschumpeteriana e a da 'especialização
flexível,' JEV.
[5]
O conjunto de regularidades que assegura a progressão geral e relativamente
coerente da acumulação do capital (isto é, que permitem desfazer ou
diluir no tempo as distorções e desequilíbrios gerados em permanência
pelo próprio processo) consitui o 'regime de acumulação'
(Boyer,1986:46). 'Modo
de regulação' é o conjunto
de procedimentos e comportamentos, individuais e coletivos,
que permite: a) reproduzir
as relações sociais fundamentais por meio de formas institucionais
historicamente determinadas;
b) sustentar
e "pilotar" o regime de acumulação em vigor;
c) garantir a compatibilidade dinâmica
de um conjunto de decisões descentralisadas, sem que seja necessario que os
atores econômicos assimilem os princípios de ajuste do conjunto do
sistema. (Boyer,1986:54-55) Um regime de acumulação "descreve a
estabilização, por um longo período, da alocação do produto líquido
entre consumo e acumulação; ele implica alguma correspondência entre a
transformação tanto das condições de produção como das condições de
reprodução dos assalariados". Um sistema particular de acumulação
pode existir porque "seu esquema de reprodução é coerente".
O problema, no entanto, é fazer os comportamentos de todo tipo de
indivíduos - capitalistas, trabalhadores, funcionários públicos,
financistas e todas as outras espécies de agentes político-econômicos -
assumirem alguma modalidade de configuração que mantenha o regime de
acumulação funcionando. Tem de haver, portanto, "uma materialização
do regime de acumulação, que toma a forma de normas, hábitos, leis, etc.
que garantam a unidade do processo, isto é, consistência apropriada entre
comportamentos individuais e o esquema de reprodução. Esse corpo de regras
e processos sociais interiorizados tem o nome de modo de regulação."
(Lipietz,1986:19 apud Harvey,1989)
[6]
'Paradigma industrial' é o padrão de organização da produção,
incluindo tecnologia, administração, divisão de tarefas, relações de
trabalho e de salário. 'Modo de sociabilização' é o conjunto de
compromissos políticos, alianças sociais e processos hegemônicos de
dominação presentes no sistema de integração e coesão social que
garante a estabilização de uma determinada via de desenvolvimento. 'Modo
de desenvolvimento' é a expressão mais geral da combinação entre o
paradigma industrial, o regime de acumulação e o modo de regulação.
(Amin,1994b: 8)
[7]
Brenner & Glick (1991); Page & Walker (1991); Sayer & Walker (1992); Goodman
& Watts (1994); Page & Walker,(1995); Sayer,(1995); Walker (1995)
[8]
"This schema bears little resemblance to the actual course of
events, and recent critiques have taken the Regulation school to task for
its badly flawed account of U.S. economic history. Certainly, American
capitalism did expand across the continent from Independance to the First
World War. Nevertheless, economic growth during this period was powered by
productivity increases derived from technical and organizational changes in
production instituted by most small producers operating under reasonably
competitive conditions. That is, development proceeded on the basis of
improvements in methods of extending relative surplus value - or what the
Regulationists call intensive accumulation - from the early 1800s, leading
to the development of an important group of mass production industries by
the middle of the 19th century."
"By failing to recognize the historical reach of intensive accumulation, Regulation theorists skip over a second and equally vital 19th century dynamic, rising consumption. Growth in productivity during this period translated into falling prices and rising real wages, leading to significant increases in workers' consumption and to the expansion of the world's most vigorous national consumer market. Thus, from the time of the Civil War at the latest, the national economy was characterized by the mass production and mass consumption of a broad spectrum of goods." (Page & Walker,1995:9) (grifo meu, JEV)
[9]
"Here, Regulation theory's watershed separating extensive and intensive accumulation (placed around
1913 with the development of Ford's Highland Park plant) creates an
artificially abrupt and patently false disjuncture in historical trends.
(...)"
"The definition of Fordism as "Taylorism plus mechanization is wholly
inadequate. To begin with, it does not distinguish Fordism from any other
period of capitalist industrialization: Taylor was building on a long
tradition of work rationalization and detail division of labor going back to
the manufacturing of the 18th century; and mechanization had been applied to
factory production from the first industrial revolution. In addition,
Ford's assembly line goes well beyond Taylorism and mechanization. It was,
in fact, a very specific set of work flow, dedication of specialized
machinery, and finally, automation of the moving assembly line."
"The Regulationists' definition of Fordism also ignores the breadth of
technical change outside metal-working and assembly industries. Certainly,
the advent of Taylorism and Fordist assembly were leading components in the
industrial revolution of the period 1890-1920, but they were not the only
significant advances of the time. Eletrification (especially motors and
controls), hard alloys and high speed machining, and better cost accounting,
among other things played a big part."
(Page & Walker,1995:11)
[10]
"The final problem with Regulation theory is that because of a
limited comprehension of industril dynamics, it overemphasizes consumer
demand and institutional coherence within a mode of regulation in the
explanation of capitalist development. Regulation theory does not take its
own precepts about raising labor productivity seriously before or after the
Taylor-Ford revolution, which is virtually sui generis. As a result, the
explanatory weight of the model is shifted to institutional conditions and
away from technical change across a broad front. This is perhaps not
surprising, as it seems that the Regulation approach is much less concerned
with industrial change than it is with the stable balance between production
and consumption within a mode of regulation - an essentially neo-classical,
or at best Keynesian, view of economic growth."
(grifos meus, J.E.V.)
"As a result, state policies and institutions are granted the central role in
the process of agricultural restructuring. (...) In our view, however,
regulation inspired interpretations overburden the postwar state, vesting a
particular package of institutional changes with the historically unique
power to create mass consumption and coordinate it with mass production.
This cannot be so if mass production and mass consumption existed a century
earlier in agriculture, as we have argued."
(Page & Walker,1995:15-16)
[11]
"Regulation theory (...) is, rather, occupied with the quietest
notions of balance between production and consumption and establishing
stability through a mode of regulation. It is closer to neoclassical
equilibrium theory than Marxian dynamics." (Walker,1995:173)
"Those revolutions - or shifts in technical frameworks - occur across groups of
leading industries and spread widely during the course of a regime of
accumulation. This is why a history of capitalism is necessarily a history
of its industries, not just of modes of regulation." (Walker,1995:174)
"In short, the Regulationist argument rests too much on the coherence and
stability of regimes of accumulation an not enough on the essential role of
contradiction and unevenness in the dynamics of capitalist development."
(Walker,1995:194)
[12]
"Let us consider some of the main senses and justifications of the term Fordism: 1)
A labor process involving moving assembly line mass production. 2)
A group of volume production sectors, including automobiles, steel,
chemicals, dominant in terms of production of surplus value and propulsive
in their effects on other sectors. 3) An
allegedly hegemonic form of industrial organization consisting of large
integrated corporations and factories, sectoral oligopolies, and
characterized by the production methods of 1. 4) A 'mode of regulation'
(Aglietta,1979), in which mass consumption absorbs the output of mass
production, thanks to productivity-related wages for core workers in Fordist
industry (sense 2). *(nota 6) (...) *(6)
"Aglietta attempts to derive
many other elements regarding money, the state and international relations,
etc. We shall not address them since our focus is on production."
(Sayer & Walker,1992:194) (grifos meus, JEV)
[13]
"From the end of World War II up to the early 1970s the world capitalist economy
experienced a period o rapid economic growth and capital accumulation which
was unprecedented in scope. This long-wave boom - sometimes labelled the
postwar 'golden age' of world capitalism - was followed by a period of
generalized economic crisis extending into the early 1980s. Whether this
crisis is continuing up to the present time or, alternatively, anew period
of boom began in the 1980s, remains a matter of some controversy. What is
clear, however, is that - partly as a consequence of the economic crisis in
the 1970s - the institutional structure of the capitalist mode of
production has undergone some important changes in recent years."
(Weisskopf,1991:75) (grifos meus, JEV)
[14]
"The institutional structure of the advanced capitalist economies in the first
three decades following World War II could aptly be described as 'welfare
state capitalism.' During this period, for the first time, all the major
features of the welfare state werein place (to different degrees, of course,
in different countries). These welfare state features included a government
commitment to maintain relatively high employment by means of Keynesian
demand management, an extensive public system of social security, public
provision for unemployment compensation, and in general an important role
for the state both as purchaser and allocator of goods and services and as
regulator of private businesses and labor markets."
(Weisskopf,1991:75)
[15]
"With the growing economic crisis fo the 1970s, however, pressures began to mount
to change some of the basic structural characteristics of the post-World War
II advanced capitalist economies. Right-wing political forces were
successful in attributing much of the blame for the crisis to the
'excesses' of the welfare state, and by the late 1970s and early 1980s
right-wing parties desirous of cutting back the economic role of the state
had scored significant political successes in national elections in many of
the adavanced capitalist countries. Especially notable were the electoral
victories of Margaret Thatcher in the United Kingdom in 1979 and Ronald
Reagan in the United States em 1980; their parties and ideological positions
have remained dominant up to the present time. Most centrist and left-wing
parties, feeling the pressure from the Right, have also modified their own
economic policy positions in directions that would curb the extent and
impact of the welfare state."
"Contributing significantly to these changes has
been the growing international economic integration of the world capitalist
system. Active international markets for capital as well as goods and
services have put increasing competitive pressure on business firms
everywhere, and - most important - they have made it more difficult for
individual governments to maintain national policies of any kind. In this
context political coalitions supporting the major elements of welfare state
capitalism have lost much ground to their neoconservative rivals, who favor
further integration into the global market and the unleashing of market
forces everywhere."
"In view of all these developments, I think it
fair to conclude that post-World War II system of welfate capitalism has
given way in the 1980s to a new type of system in the advanced capitalist
nations. The new system does not dispense with the welfare state, but it
reduces significantly the economic role of the nation-state and it gives
pride of place to market forces on a world scale. To characterize this new
system, I will use the label 'global market capitalism.'" (Weisskopf,1991:75-76)
[16] Formado por uma dezena de "escolas": três francesas (Grenoble, Paris, CME), uma holandesa (Amsterdam), uma alemã, uma nórdica, duas ou três americanas (SSA, geógrafos, Piore & Sabel), conforme Jessop(1990); às quais deve ser acrescentada pelo menos uma britânica, na sequência da publicação do número especial de Economy and Society (1995: agosto, v.24, n.3).
[17] Essa convergência regulacionismo-governacionismo pode ser vista como característica da escola britânica, cujas principais preocupações atuais são sintentizadas na introdução do referido número especial de Economy and Society (1995,agosto,v.24,n.3) .